quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

“Esquecer é um mecanismo de sobrevivência” neurocientista Iván Izquierdo

É incrível como muitos fatos que ocorrem em nossas vidas são “deletados” da nossa memória. Os especialistas dizem que é para não “sobrecarregar o HD” (bom ... não é exatamente esta a expressão que eles usam, mas foi assim que eu entendi). Por outro lado, algumas coisas nos marcam de tal forma que não as esquecemos mais. Fatos, livros, músicas, ... ficam guardados, latentes, esperando um estimulo para ressurgirem tal qual Fênix. Quem, como eu, teve sua infância/pré-adolescência nos anos 80 não esquece (mesmo que queira) das músicas da famigerada dupla Michael Sulivan e Paulo Massadas, e de filmes como “A Fantástica Fábrica de Chocolates” (a 1ª versão, com o genial Gene Wilder) e "O professor aloprado" (com o inigualável Jerry Lewis). No meu caso lembro também de algumas coisas que li naquela época (final dos 80/início dos 90), desde clássicos como “I-Juca Pirama”, passando por obras contemporâneas como “Feliz ano velho” (Marcelo Rubens Paiva) e “Rota 66” (Caco Barcelos) até contos como Shazam (Moacyr Scliar) e “A Muralha” (não sei de quem é, mas falarei sobre ele num próximo post). E em que resulta isso tudo? Resulta em nossa personalidade, em nossas opiniões. Cada lembrança guardada, cada fato, cada música, livro, conto, poema ... completam o complexo quebra-cabeças da personalidade e das convicções de cada pessoa. E podemos mudar de opinião e/ou personalidade? Claro que sim. Estamos em constante mutação (agora lembrei do Raulzito e sua metamorfose ambulante). Mas sempre que percebo que uma pessoa mudou de opinião, uma dúvida passa a me atormentar: “terá ela vivido algo novo? Ou um fato antigo foi deletado de seu HD?”

4 comentários:

  1. "Lembrar é fácil para quem tem memória. Esquecer é difícil para quem tem coração. "William Shakespeare

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  2. Interessante abordagem, Luiz. Mas confesso que fiquei esperando um pouco mais sobre a frase do Izquierdo que usaste como título. Esquecer, muitas vezes, pode ser mesmo uma reação esperta do nosso cérebro, para dar prosseguimento à vida. Sem esquecimento, não haveria perdão, não haveria futuro, ficaríamos presos ao passado. Felizmente (ou não) só guardamos o que é necessário. Quanto ao que disseste que os fatos novos que passam a fazer parte de nossa memória podem também mudar nossa opinião, fiquei me perguntando: eles passam a integrar a memória por terem tido a força de mudar nossa opinião? Ou a gente muda de opinião porque eles passam a integrar nossa memória? É tipo o paradoxo da "tostines", sabe? hehe. Abraço e siga postando!

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  3. na verdade a frase do Izquierdo foi a última parte do texto. achei ela interessante e provocativa, por isso usei como titulo.
    Gracias pelo comentário. abraço

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  4. Gosto muito do Izquierdo. Ele diz que nossa memória é afetiva, ligada às emoções. É por isso que a gente lembra de coisas boas, como as que o Luiz citou, e procuramos bloquear e esquecer os traumas e as coisas ruins. Porque a memória tende a guardar os momentos de afeto e amor. E, sim, precisamos esquecer de várias coisas para sobreviver, senão estaríamos loucos.
    O Izquierdo tem dois livros bem interessantes: "Questão de memória" e "A arte de esquecer".

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