segunda-feira, 1 de agosto de 2011

A LIBERDADE DE ROBERTA

Roberta sempre foi uma mulher muito atraente. Admirada e desejada por todos que tinham a graça de conhecê-la, desde muito cedo causou alvoroço na sociedade com seu comportamento fora dos padrões da época. Como se não bastasse sua personalidade forte, não se sabe se por necessidade financeira ou aptidão natural (ou as duas coisas), Roberta iniciou na prostituição. Mas nunca gostou de ser chamada de prostituta. Não, preferia “puta”. Acreditava que era melhor para o marketing.
Corajosa e determinada, Roberta enfrentou a sociedade retrógrada e as autoridades repressoras, sem nunca se acovardar. Prestou seus serviços sem fazer distinção de raça, credo ou gênero.
E Roberta parecia mesmo um poço de virtudes. Além de ser agraciada com belas curvas, também tinha seu dom empreendedor. Começou aliciando/treinando algumas meninas que possuíam características parecidas com as suas, e logo, de prostituta/puta passou a proprietária de prostíbulo, ou puteiro como ela preferia. E, nesse ponto, o fato de exercer uma atividade não regulada era uma vantagem, afinal, não tinha a quem prestar contas da qualidade do serviço, e seus clientes não tinham uma autoridade ou entidade a quem recorrer no caso de insatisfação com o serviço prestado.
E Roberta prestava vários serviços a importantes figuras da sociedade. Enriqueceu rapidamente, fez a alegria de muitos e levou outros tantos a ruína social e financeira ... “Roberta fudeu com muita gente” – diziam.
Rica, visual atraente, carisma diferenciado, e com influência sobre algumas autoridades - seja por favores ou simplesmente pelo silêncio - foram alguns dos fatores que, por algum tempo, garantiram que não prosperasse quaisquer tentativas de instalarem concorrência aos seus serviços.
Mas o tempo passa, e Roberta já não é a mesma, nem seus serviços. E apesar de ainda ser muito atraente, já não encanta a todos. Então, a concorrência ganha força. E vejam só, aparece até quem queira regulamentar esses serviços.
“É um absurdo”. Roberta não aceita, e brada aos seus clientes “não se deixem enganar, eles querem acabar com a PUTARIA”.

Nenhum comentário:

Postar um comentário